O ceratocone (figura 1) é uma protusão localizada da córnea. A córnea é a parte mais anterior do nosso olho, que comparado a um relógio, seria seu vidro. Acontece um afinamento corneano progressivo, gerando uma irregularidade com conseqüente baixa da visão. Nenhuma teoria explica completamente a origem do ceratocone.

Ceratocone com córnea protusa
Figura 1 - Córnea protusa

No início, pode não ser percebido, porque a baixa visual é leve. Sua evolução pode ser rápida ou levar anos (média de seis anos), podendo estacionar em uma fase que não não necessariamente será o grau mais severo.

Inicia-se geralmente na adolescência (80,0%), por volta dos 16 anos de idade, acometendo os dois olhos (90,0 % dos casos) com intensidades diferentes. A Incidência na população geral varia de 0,05 % a 0,5 %. No estágio inicial a perda de visão pode ser corrigida pelos óculos, mas com a evolução o astigmatismo irregular gerado requer correção com lentes de contato rígidas, que substituem a superfície corneana irregular por uma uniforme, melhorando a visão.

A identificação do ceratocone, principalmente nas fases iniciais, requer experiência do médico e uma cuidadosa investigação. Geralmente, acontecem modificações freqüentes dos óculos em curto período de tempo sem, no entanto, forneceram boa visão. A queixa de halos em torno das luzes e fotofobia (sensibilidade anormal à luz) é freqüente. Os principais exames diagnósticos são: retinoscopia, biomicroscopia com lâmpada de fenda, paquimetria e topografia corneana (figura 2). A topografia computadorizada da corneana é o principal exame, fornecendo tanto a localização como o grau do ceratocone (grau I, II, III e IV). O acompanhamento oftalmológico deve ser anual.

Corneana
Figura 2 - Topografia corneana (aumento de curvatura inferior)

Não existe um tratamento específico, tudo depende do estágio da doença. Em caso onde os óculos e as lentes de contato não fornecem boa visão ou há intolerância ao seu uso, está indicado o implante de anel intra-estromal (figura 3). Por último, em 10,0% dos casos, o transplante de córnea (figura 4) é necessário.

Anel intra-estromal
Figura 3 - Anel intra-estromal
Transplante de córnea
Figura 4 - Transplante de córnea